terça-feira, 14 de outubro de 2025

RESILIÊNCIA

 


Há dias em que o mundo pesa,

e o tempo se arrasta lento,

como se temesse o próprio passo.


O ar fica denso, quase sem cor,

e o coração busca abrigo

em lembranças que doem.

mas ainda aquecem.


Há caminhos que não levam,

sombras que se deitam sobre a alma,

e silêncios que falam mais

do que qualquer consolo humano.


Mesmo assim, seguimos —

não por força, talvez,

mas porque viver é continuar,

mesmo quando o sentido se esconde.


E há, na dor, uma beleza secreta:

entre o entulho da existência.


Ela não grita,

não pede,

não explica —

apenas existe.


Como nós. 

sexta-feira, 31 de julho de 2015

DOCE SAUDADE





Pai,
Seu olhar atento, às vezes, disperso pelo frenesi da vida.
Suas mãos calejadas a prover o pão.
Sua voz inconfundível era sonata aos meus ouvidos.
Sua rigidez ao ensinar-me os caminhos da vida;
palavras seguras emaranhadas de muito amor.
Despretensiosa gargalhada alegrava o recinto.
A roda de animada conversa, ao redor da mesa entre talheres e pratos... emudeceu.
E o som... o mavioso som do molho de chaves alvissareiro a invadir casa à dentro.
Seus pés de pesados passos carregava o fardo da idade.
Seus livros, cds, dvds, sentem falta de suas habilidosas mãos e de seus olhar atento a apreciá-los.
Suas tesouras, companheiras inseparáveis, hoje  fazem parte de um acervo.
E o mar, o céu, os coqueirais desta linda Alagoas, choram pela perda do poeta que a enaltecia;
sua Terra, os intelectuais, sua gente sofrida e a rica cultura.
A lembrança de sua alegria, o festejar da sua voz  soa ao meu coração como brisa, uma cantiga de ninar, acalmando-o quando está em desassossego.
Pai, você foi e  sempre será o meu Herói!

Liliane Castanha
29/07/2015

sábado, 27 de junho de 2015

INFORTÚNIO


Correntes marítimas
inundam minha vida.

Um iceberg invade o meu mar,
congelando a minha alma,
paralisando o meu ser.

O astro — centro do meu planeta —,
densas trevas ofuscam sua luz.
Seus raios cintilantes, 
outrora aquecedores,
escuras nuvens os encobrem.

Ventos gélidos
invadem meu universo!

Entre lágrimas e soluços,
pranteio a minha sorte.
Busco explicações que me são veladas;
os mistérios da vida a ninguém se desvelam.

Estou em queda livre...
aonde segurar-me em plena descida?

Só os teus braços, Jesus,
podem me amparar,
aquecer a minha alma,
agasalhar o meu coração.


Liliane Castanha
27/06/15
Obs: Fiz esse poema em solidariedade a minha prima Roseli, a morte prematura de seu esposo.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

NOMES





Há em toda a parte.

Encobrindo o belo
Ofuscando o NOME
Procura-se a identidade
Em meio a tantos “Nomes”.

Outdoors ambulantes!
Errantes egoístas, Insatisfeitos, Insaciáveis
Amantes do Ser negociável
Sem conceitos, sem profundidades.

Modernizando as prioridades
Sufocam o perfume de fragrância agradável
Rotulando os extratos
Faz do Belo, aroma passageiro!

Liliane Castanha
Dez/2014



sexta-feira, 12 de setembro de 2014

PALAVRAS




Na aventura do encoberto,
à meia-luz,
descortino o palco do meu ser.

Em qual passe de mágica
os holofotes das palavras
me encandeiam —
e tudo não passa de símbolos indecifráveis.

Indecifráveis não são as palavras...
Mas o que se passa dentro de mim
não encontra compreensão verbal.
Talvez seja tão fenomenal...
ou não.

Os sons articulados
são meras grafias formadas
por uma reunião de letras —
não expressam a intranquilidade intrínseca da minh’alma.

Universo de símbolos desconexos!

Busco algo que possa expressar, sublimemente,
o burburinho de insatisfação e solidão.

Na busca do melhor vocabulário:
silêncio.

Só o silêncio entenderá
minha indignação.

Liliane Castanha
09/09/2014

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

INCERTEZAS





Incerto seria chegar ao fim...

Que fim se nem mesmo o planejei?
Não tive o cuidado de coloca-lo no borrão,
Prende-lo às sete chaves
E, por fim, ter certeza das minhas incertezas...

Ver os botões das rosas desabrocharem
Se nem mesmo as cuidei.
Ah, meu caro, a vida não tem manual.
A busca milimetricamente planejada
Continuará sendo de incertezas concretizadas.

Quando será que terei a concretude
Dos meus sonhos e anseios!?
Voltaria a sonhar e sonhar...
Espirais que se dissolvem ao vento.

Afinal a única certeza que tenho
É a incerteza do passageiro e do efêmero.

 Liliane Castanha


                                  29/08/14                                 

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

QUAL É O MEDO?









Por que temer, 
quando se busca de fato o brilho do sol;
o encantamento da lua a fulgurar
na imensidão do espaço?

A dança das borboletas entre as flores;
o soar das sinfonias dos pardais;
o barulho das cascatas;
a leveza das correntezas dos rios?

O que teme,
 à busca do seu apogeu?!

Segue esse rio 
qual folha que desliza
e desagua no exuberante mar.

Não se atenha, 
não temas!

Pode então se encontrar.

Liliane Castanha
28/08/14 

sexta-feira, 4 de julho de 2014

ROSA DO DESERTO



No meu jardim, és a primeira.
Contemplação em seu desabrochar
Admirável pelos robustos caules
És guerreira; pode ventos suportar.

Em arenoso solo nasceste
Meu jardim desértico veio perfumar
Cresceste, tomaste forma
Hoje mulher a encantar!

Minha primogênita!
Encanta-me com tua rara beleza
Raciocínio sutil tentas encobrir tua grandeza
Inteligência a cada desabrochar.

Mais um ano a trazer-te boas novas!
Germinada foste com muito amor
ROSEANE: minha rosa do deserto
A florescer e perfumar por onde for.

Liliane Castanha

04/07/2014

quarta-feira, 28 de maio de 2014

PARABÉNS



Pássaros em sinfonia
Desperta-me ao romper do dia
Anunciando com festejo singular:
Hoje é um dia pra se comemorar!

Nasce a cada nascer do sol
Encanta com alegria em arrebol
Fascina com a simplicidade do ser.

É “Alegria” por muitos declarada
Benção por nós compartilhada
Joia rara de valor inestimável.

Lailton, felicidades no caminhar
Nunca se esqueça do Senhor exaltar
Ricas bênçãos nosso Deus vai derramar
Na sua casa, na sua vida, aonde trilhar.

Liliane Castanha
28/05/2014

sábado, 17 de maio de 2014

ECLOSÃO



Quero eclodir sem culpas e receios
Na busca do brilho do apogeu
Sem reservas, nua, sem pudor.

Na essência da vida
Lançarei-me sem apegos
A impressionar ou não
Àqueles que me espreitam.

Buscando ao Sol
O que me é por direito
Ofuscando o olhar daqueles
Que impedem-me de galgar o ápice.

Liliane Castanha
(17/05/2014)

HOMENAGEM A NEIDE CASTANHA




















A semente germinou...
Nasce uma linda flor!
De olhar  meigo,  gesto tranquilo
Com todo o frescor de ímpar beleza
Veio ao mundo esse ser para nos encantar.

Inteligente, persuasiva
E de porte elegante
Trazendo leveza ao fazer sua graça
Notada faz-se por ser singular.

De nobreza audaz
Ao dividir o saber
Na ânsia de extrair
O melhor de um ser.

Nesta data especial 
Venha desabrochar
Sem medo e  sem pudor
"A grande mulher"
Que escondes dentro de ti!

Liliane Castanha
(18/05/14)

ERIC ANDREI (Meu Filho)







Raia o sol neste dia
Que mais parece cantar
Neste dia mui faustoso
Nosso coração alegrar.

Mais um ano se passa...
Que o bom Deus te concede
Nesses seus catorze anos
Muitas alegrias nos destes.

Filho és uma benção
Ao nosso lar alegrar
Sua voz  e o seu jeito
Sempre a nos  encantar.

Com carinho neste dia
Queremos congratular
Desejando com ardor
Felicidades no caminhar.


Liliane Castanha
(18/05/14)

sábado, 12 de abril de 2014

PALAVRAS







Palavras são apenas enigmas
que tentamos decifrar.
É o som que quebra o silêncio!
Ao mergulhar em meu Eu
na busca do sentido, imerjo
em minhas entranhas.
Me deparo com a palavra
CALMA... 
Descansa, minha alma!


Liliane Castanha
06/03/2014

CONSCIÊNCIA



A casa que emoldura seu eu
Sendo ela grande ou pequena
Que dentro caiba seus sonhos.

Quando quiser mude os móveis
Rodopie entre os espaços
Assista um grande concerto
Cantarole uma ópera.

A inspiração não seja sugada pela
exterioridade.
Que a obra fale por si
A moldura, apenas o enquadramento 
da essência.

Liliane Castanha
05/03/2014

segunda-feira, 3 de março de 2014

MEMÓRIA




Sob a luz do luar...
Reluz a brancura da neve.
Que aos poucos invade a recâmara
Fazendo sentir o frio desconcertante
Despedaçar o coração.

Perambulo nas madrugadas
Tristes e sombrias...
Nos becos da minha memória.
Encontro a magia dos flocos de neve
Que deixa cicatriz dos ventos congelantes
Rasgando-me por dentro.

Que o sol volte a brilhar!
Desfazendo os hexágonos cristais
De olhares apáticos
Em seus braços aconchegados acordar
E as flores petrificadas encontrem fios de luz.

Liliane Castanha

01/03/2014